
Tesouros Miúdos
5º ano da E.E.João Nepomuceno Kubitscheck- manhã

"O meu tesouro não é ouro nem é prata, é um berimbau maneiro que eu ganhei do meu avô"- essa foi a cantiga que Thalia, aluna do 5º ano cantou, diz ela que é sua música favorita da capoeira (de acordo com nossas pesquisas, é um corrido do Mestre Barrão chamado "Mundo Enganador"). Achei bonito essa canção chegar quando estamos falando de pequenos tesouros. Na oficina teve de tudo um muito: saudades de gente que já partiu, abraços e a consciência de que ter convivido foi um tesouro, a comida especial feita por uma tia, uma avó, os cantinhos da roça da casa da avó, o dia em que foi assistir o jogo do Atlético Mineiro no estádio em BH (mesmo que o time tenha perdido, o dia foi um tesouro). Momentos de escuta e afeto provocados pelos cantos e brincadeiras da querida Nádia Campos e sob o olhar carinhoso da Professora Patrícia e do Professor Alexandre. Teve lindo de mais! Agradecemos também à diretora Beatriz e a todas as gestoras, professoras, funcionárias e alunos da escola.



























































1º ano da E.E.Mestra Virgínia Reis- tarde
São Gonçalo do Rio das Pedras nos presenteou com tantos tesouros miúdos... Entre muitos pintinhos que receberam afeto em mãos de criança, teve até um que era tão pequeninho que não conseguia comer junto dos irmãos, os outros não deixavam ele comer. A Agatha botava ele sozinho em cima da mesa e dividia o arroz que sobrava do seu almoço. Teve cachoeira, porque o Marcos ama nadar, teve o caminho da roça que leva até a casa do avô do Miguel, porque a alegria maior pra ele é ir na roça na casa do avô!
Além de todos esses tesouros, teve nosso encontro com a Conceição, doceira das melhores e sabedora das ervas que curam do cerrado. Aí que a gente ficou sabendo de mais um tesouro miúdo: rosmaninho, ou pé de pedestre, planta bonita que ajuda a gente a descansar. Eita que é tesouro demais!






































2º, 3º, 4º e 5º ano da E.E.José dos Santos Neiva- tarde

Depois de muito andar pelo meio do cerrado em estrada de terra, a gente foi vendo um faixo de mata verde que seguia
serpenteando pelo meio da secura. Era o ribeirão Piauí que nutria os seus arredores. Dentre os povoados que aproveitavam a abundância do ribeirão (que já foi grande grande a ponto de ser navegável) tinha o distrito de Engenheiro Schnoor. O nome vem do engenheiro que projetou a estação de trem, porque por aquelas bandas os trilhos faziam as distâncias menores. Criança que vive em canto tão cheio de tesouro, tem olhar treinado pra miudeza. Na oficina da escola teve até galo coroado por criança! Diz que ele era o majestoso do galinheiro! Teve o cavalo trovão, teve o cachorro Chulinha que frequenta a escola feito menino, teve a joaninha que o menino viu no refeitório quando ainda estava na pré- escola, teve hamster, bebê na barriga, semente que virou árvore, tio que deixa o sobrinho ganhar no futebol e menino que nasceu jogando bola. Josino Medina, olhando no olho das crianças e pulsando no mesmo ritmo, trouxe miudezas de semente, aranha e menino. Tanto tesouro bonito, que povoou a gente de cor.




















































































4º e 5º ano da E.E.Aparecida Dutra- integral
Olha pro céu! Tá vendo esse tanto de pipa? São as crianças da E.E. Aparecida Dutra povoando o céu de cores! É assim que menino pequeno fica gigante, se transportando para o céu num pedaço de bambu, linha e papel. Tem também balanço no pé de manga da casa da vó, um bocado de passeio especial, gente querida que já partiu. Encontros de corações e cores.







































Turma mista da E.M. do São João- manhã

Eita que a festa foi grande com Biloh de Minas puxando a roda! Teve dança, boi de janeiro e até versinho cantado por professora e aluna! Foi tanta festa, que não deu tempo pra desenhar os tesouros miúdos, as crianças falaram de suas belezas, passeios de bicicleta, irmãzinhas pequenas, roças e balanços. E aí foi a vez de treinar o olhar. Que coisas pequenas e miúdas conseguimos encontrar no pátio de cimento da escola?





















Turma Mista da E.M. Professor Sebastião Soares de Carvalho- manhã
Depois de muita festa com Biloh, com direito a brincadeira de boi, com bagunça boa e correria, as crianças desenharam seus próprios tesouros. Aí a gegnte vê como é importante ter parquinho na escola, porque ele foi o lugar favorito de muita criança, a ponto de considerarem um tesouro ter aquele parquinho ali pra brincar! Teve também a rede de casa, onde a Ana gosta de balançar, as coisas de papel que a Melyssa e Clara sabem fazer, as voltas de bicicleta do Aquiles, as saudades do Vinícius e a irmãzinha do Heitor dando um oi de dentro da barriga da mãe! De tarde fomos à Casa da Juventude, vizinha à escola e encontramos algumas das crianças da manhã por lá. Depois de uma brincadeira de esconde esconde, elas pediram: "vamos fazer uma roda de histórias?". Aí quem fcou com um tesouro miúdo no coração fomos nós!

























































































2ºs e 3ºs anos da E.M. Lindaura Gil- tarde

E olha mais pipa no ar! O futebol também dominou a lista de tesouros das crianças de Almenara- meninos e meninas! Depois de regarmos a imaginação com a história "Os Sonhos do Sapo" de Javier Villafanñe, contada pela Alba, as crianças mergulharam nas suas próprias histórias e sonhos. No meio de muita brincadeira, o valor de suas próprias casas e pessoas especiais da familia, chamou a atenção a concentração e comprometimento da Sophia que queria muito desenhar um passeio a cavalo que tinha gostado muito! Como desenhar cavalo é difícil! Sophia foi pedindo ajuda e mobilizando um bocado de gente e no final das contas, esse cavalo foi feito com muitas mãos, carinho e acolhimento. No final teve até um jogo de capoeira pedido pelas crianças!
























































Quilombo Marobá dos Teixeira
O dia começou com um café da manhã comunitário, com direito a beiju e suco de tamarindo. Inclusive, da mesa do café da manhã dava pra ver um pé de tamarindo reinando no terreiro, coisa mais linda! Parece que estavam adivinhando o tema dos tesouros miúdos, pois montatam uma mesa cheia dos tesouros produzidos ali no quilombo: tempero pronto, coloral, cacau, couve, alface, beterraba, mandioca, feijão, farinha, e uma rapadura de cacau deliciosa! Abundância e beleza, reinando na mesa!
Na oficina, Alba contou uma adaptação sua do conto popular "O Pescador, o Anel e o Rei". Com sensibilidade, Alba convidou o público pra cantar e trouxe reflexões bonitas sobre o que é realmente valioso. Quando propusemos o exercício de pensarem seus próprios tesouros, chegou a dar um frio na barriga: tínhamos pensadoa oficina para crianças e a grande maioria ali era de adultos das mais variadas idades, muitos dos quais não tinham intimidade com o lápis e o papel e se sentiram acuados com a proposta. Mal sabíamos nós que o maior de todos os tesouros estava por vir. Abrimos a possibilidade de os jovens desenharem os tesouros dos mais velhos e também para que aqueles que não quisessem desenhar, pudessem compartilhar suas histórias oralmente. De um em um, fui passando e escutando as histórias. Histórias bonitas, de valorização do coletivo e da luta por aquela terra que existe como comunidade quilombola desde 1870. Histórias de infância de Quena, que quase foi castigada por um dinheiro que o vento levou para o chiqueiro dos porcos- a sorte é que o dono do dinheiro viu antes!
Quando cheou a vez de Tonhão, o mais velho dentre os presentes, ele não se contentou em contar sua história apenas para mim. Com um gesto bonito e ancestral, ergueu as duas mãos e disse para todos ouvirem. "Hoje eu vou contar uma história que nunca contei antes!" Foi o suficiente pra todos se aquietarem e chamarem as crianças que estavam já brincando pra ouvirem também. Contou das mentiras do tio Elvídio e arrancou risos de todos que ouviram. Contou também que tem guardada consigo a pedra que seu bisavô usava para amolar a navalha, e que vai deixar essa pedra para seus netos. Imagina o tesouro: uma pedra com mais de cem anos que conta um pouco da história daquela comunidade com tantas histórias!
A fala de se Tonhão abriu uma grande roda de histórias. Deusa contou de quando, criança, foi lavar a panela de barro no rio e aproveitou pra dar um mergulho. Subiu no galho de onde constumava pular e se jogou n'água" Bem em cima da onde? Da panela. Na hora de contar pra mãe, a história mudou um pouco: "Mãe, as galinhas quebraram a panela!"
A roda durarua a tarde inteira, mas chegou a hora do almoço e fomos todos comer uma galinha caipira que estava saborosíssima! Será que foi a tal da alinhaque quebrou a panela?
Ainda fomos presenteados com um livreto de cantigas e versos produzido coletivamente com as famílias da comunidade com recursos de um projeto feito via Fundo Estadual de Cultura. Segue um verso bonito que encontramos nesse livreto tão cheio de poesia popular:
"Menino seu pai é pobre e seu cabelo é rico.
Nos cachinhos de seus cabelos eu faço morada e fico".

































































